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Militante do #MAIS é agredida por dirigente da UJS durante eleição para DCE da UFF

Nesta semana, após dois anos sem eleição, os estudantes vão às urnas escolher a próxima diretoria para o DCE da Universidade Federal Fluminense. Em meio à campanha eleitoral, na noite desta quarta feira ocorreu um fato execrável.

Durante um tensionamento durante fechamento das urnas, uma companheira do MAIS começou a filmar com o seu celular – postura mais do que correta. Nesse momento, o dirigente da UJS e diretor de cultura da UEE-RJ, Felipe Garcez, deu um tapa pelas costas, na altura do ombro dessa companheira, que é estudante da UFRJ. Ainda que a nossa camarada tenha imediatamente reagido, e a confusão tenha se instaurado, queremos deixar claro que não iremos tolerar atitudes machistas contra nenhuma companheira, seja da nossa organização, seja de outra, ou independente. Na manhã desta quinta, a direção da UJS pediu desculpas pelo ocorrido. No entanto, além de ser muito pouco diante da gravidade da atitude, a situação merece um sério debate.

As eleições devem expressar o resultado real da disputa política em torno aos programas apresentados pelas chapas, a truculência, agressões e pancadaria jamais devem ser usadas no movimento. De forma alguma deve se tornar normal que estudantes sintam medo de participar das instâncias do movimento – CEB’s, assembleias, ou eleição – temendo ser alvo de agressões.

A situação se torna ainda mais grave porque a vítima da agressão é uma mulher. Não é aceitável reproduzir e se utilizar da opressão para fazer as disputas políticas, não vale tudo para ganhar uma eleição. Os dados sobre a violência machista no Brasil demonstram o cotidiano de violência que enfrentamos, seja no trabalho, escola, ou até mesmo em casa. Somos alvo de gritos, intimidações e ameaças que frequentemente desembocam em violência física e morte. Somos ensinadas, desde muito pequenas, que a política é um espaço para homens, que ali não é nosso lugar, e onde nós não temos voz.

O uso da truculência, neste cenário, atinge especialmente as mulheres e resulta em cada vez mais constrangimento às vítimas e não aos agressores, como deveria ser. Tornando o espaço da militância muitas vezes hostil à presença de mulheres.

O movimento estudantil cumpre historicamente um papel de destaque no cenário político nacional, sendo a porta de entrada de muitos jovens na política, é o primeiro espaço de formação de muitos lutadores e lutadoras, e não é aceitável que o primeiro contato desses jovens seja com um espaço machista e que os atos de agressão verbal, ou física, sejam tolerados dentro do movimento.

Cada vez mais o movimento feminista vem se fortalecendo. Ainda esse ano tivemos um 8 de março histórico, vemos que até em ambientes como a Globo casos de machismo estão sendo apurados. A esquerda que está nas ruas contra o governo Temer e contra as reformas tem que ter uma postura dura frente às opressões, tanto nos espaços comuns do movimento, quanto dentro de suas organizações.

Nesse sentido, achamos insuficiente o pedido de desculpas da direção da UJS à nossa militante. Acreditamos que, em nome de resguardar todas as mulheres ativistas, o militante/agressor e sua organização, UJS, deve fazer auto-crítica pública do ocorrido e ele ser afastado definitivamente não só do processo eleitoral, como de todos os cargos que ocupa nas entidades do movimento estudantil, tanto na UFF, quanto na UEE-RJ.

O machismo é uma ideologia nefasta. Vitimou 503 mulheres por hora, só no último ano; submete metade da população e da classe trabalhadora a humilhações e agressões de todo tipo e desvantagens econômicas, sociais, culturais e políticas. Não é possível a superação no campo individual, mas só por meio da luta coletiva. Nesse sentido, reivindicamos que a resposta a essa agressão deve ser pública e exemplar.

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